segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

EMPURRA-EMPURRA NA TRAGÉDIA

Pelo que acompanho nos jornais e nos blogs do Brasil, a tragédia no Rio de Janeiro (que fez esquecerem a tragédia de São Paulo) tem culpados variados, dependendo de quem os aponta. Gente do PSDB ou ligada ao PFL do César Maia, responsabiliza o governo estadual e o federal. E vice-versa, o pessoal simpático a Lula e Dilma tem que achar culpados na outra banda.
Esse jogo me enoja!
A verdade é que todas as autoridades municipais, estaduais e federais, além da mídia e do empresariado ligado à construção civil têm um pedaço de culpa. Se formos teorizar um pouco, a culpa é do processo de urbanização acelerada, do falso "desenvolvimento", da migração forçada pela pobreza, da corrupção de quem deveria fiscalizar os abusos.
Esse jogo de empurra-empurra precisa ser trocado por uma postura geral: autoridades federais (a presidenta Dilma, por exemplo), estaduais (os governadores Serra, Cabral e Alckmin, por exemplo) e os prefeitos das cidades atingidas (Kassab e Eduardo, por exemplo) deveriam aparecer juntos em rede nacional de TV e confessarem seus erros, pedirem desculpas e, principalmente, anunciarem as medidas que, a partir de hoje, tomarão para evitar a repetição de tragédias semelhantes.
Todos os governantes perderam, neste caso: não há inocentes. A corrupção generalizada no Brasil faz com que as leis existentes não sejam cumpridas. As liminares, como bem disse o vice-governador do RJ, Pezão, impedem que um prefeito ou governador remova pessoas que estão em áreas de risco. Isso, mais a propina, faz com que pusadas de luxo também se instalem no meio da mata, ou pertinho do Mar e dos rios, sob riscos. Em Angra dos Reis ruiu e matou gente uma das pousadas mais luxuosas. O mesmo se repetiu agora em Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo.
Empresários que loteiam e vendem grandes áreas nos morros (como conheço em Campos do Jordão e em Caraguatatuba duas das próximas tragédias) deveriam ser presos em flagrante, sem direito a fiança (porque são milionários graças ao sangue alheio).

Assumir esta responsabilidade coletiva e cada um de nós renunciar um pouco aos nossos ódios e a nossa hipocrisia, talvez seja o primeiro passo para que nossos melhores lugares de viver sejam protegidos, e que ninguém mais tenha que morrer porque acreditou em alguém que lhe vendeu, legalizou, assegurou seu direito de moradia ou de lazer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários são bem-vindos, desde que não contenham expressões ofensivas ou chulas, nem atentem contra as leis vigentes no Brasil sobre a honra e imagem de pessoas e instituições.