sexta-feira, 14 de outubro de 2011

NEW YORK QUER EXPULSAR OS 99%


Ocupa Wall Sreet recebe ordem para sair de praça

O movimento Ocupa Wall Street difundiu quinta-feira (13) um alerta de emergência no qual solicita uma defesa massiva da praça a partir das seis horas da manhã desta sexta-feira, manifestando suspeita sobre os reais motivos da ordem do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, para uma "limpeza da praça". Alguns manifestantes lembraram que essa foi a mesma tática usada para desalojar os manifestantes que ocuparam o Capitólio no estado de Wisconsin e acampamentos dos “indignados” em lugares públicos em Madri e Barcelona. O artigo é de David Brooks.

Há um enfrentamento à vista entre o movimento Ocupa Wall Street e as autoridades de Nova York como resultado de uma ordem da prefeitura para que os manifestantes abandonem “temporariamente” o acampamento para permitir uma limpeza do pequeno parque, algo que os ativistas prometem desafiar com uma defesa não violenta da praça que ocupam desde o dia 17 de setembro. 

Ocupa Wall Street difundiu ontem (13) um alerta de emergência no qual solicita uma defesa massiva da praça a partir das seis horas da manhã desta sexta-feira, manifestando suspeita sobre os reais motivos da ordem do prefeito. Alguns manifestantes lembraram que essa foi a mesma tática usada para desalojar os manifestantes que ocuparam o Capitólio no estado de Wisconsin e acampamentos dos “indignados” em lugares públicos em Madri e Barcelona.

Os ocupantes anunciaram que armarão uma cadeia humana na periferia de sua Praça Liberdade (cujo nome oficial é Parque Zuccotti) com escovas e esfregões e que resistirão de maneira pacífica às ordens da polícia. Além disso, planejaram uma marcha com suas escovas e esfregões na direção de Wall Street com o objetivo de limpar o desastre do setor financeiro.
Bloomberg fez visita surpresa

O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg fez uma visita surpresa à Praça Liberdade na noite de quarta-feira com uma escolta massiva de policiais, mas não disse nada durante sua visita. Alguns manifestantes gritaram: “Você é da turma do 1%” (dos mais ricos, ou seja, os que são acusados pela desigualdade econômica e pela corrupção da democracia).

Na segurança de seu gabinete, mais tarde, Bloomberg divulgou seu anúncio de que era preciso fazer uma limpeza e trabalhos de manutenção na praça. Ele justificou a medida com base em uma solicitação da Brookfield Properties, a empresa dona da praça, que pediu a intervenção da polícia para liberar a área que estaria apresentando problemas de salubridade. O prefeito afirmou que a limpeza seria realizada em etapas e que os manifestantes poderiam retornar às partes da praça já lavadas – dando a entender que não pretendia desocupar todo o parque de uma vez só.

No entanto, seu chefe de polícia, Ray JKelly, confirmou que os manifestantes terão que cumprir novas condições, estabelecidas pela empresa proprietária, para permanecer ali: “depois que a área for limpa, poderão regressar. Mas não poderão retornar com seus equipamentos, barracas, esse tipo de coisa”, declarou.

Os manifestantes afirmam que tudo isso é um pretexto para acabar com a vigília que já dura 28 dias. Grupos locais e nacionais saturaram a prefeitura com telefonemas e mensagens denunciando a ordem, enquanto vários líderes políticos locais e sindicais pediram ao prefeito para que anulasse a ordem, que classificaram como uma notificação de despejo. Alguns advertiram que os olhos do mundo estão de olho no que está acontecendo em Nova York e que isso poderia ter severas consequências políticas para o prefeito, especialmente se houver repressão violenta por parte da polícia.

Outras agrupações liberais e progressistas expressaram sua desaprovação e grupos de direitos civis assinalaram que poderia ser uma violação do direito constitucional à livre expressão. Em sua página no twitter, o escritor Salman Rushdie chamou a ameaça dessa ação de um crime contra a liberdade.

Para o prefeito, tudo isso implica um risco político, o que tem limitado suas opções durante quase um mês com a repercussão obtida pelo movimento e sua multiplicação por várias cidades através do país. Uma pesquisa da Reuters/Ipsos indiciou que 82% dos estadunidenses ouviram falar dos protestos, sendo que 38% manifestaram uma opinião favorável aos mesmos e só 24% foram contra. Ou seja, o movimento de protesto Ocupa é agora quase três vezes mais popular junto à opinião pública que o Congresso dos Estados Unidos.

“O 1% mais rico tomou de controle nossa economia e nosso governo. Somos os 99% que estão prontos para retomar o comando”, essa é a consigna de Ocupa Wall Street, lema que vem encontrando eco de costa a costa e que vem ganhando apoio dos principais sindicatos do país, de organizações sociais e comunitárias de todo tipo, e de personalidades que incluem economistas prêmio Nobel, músicos, cineastas e até alguns dos principais líderes políticos nacionais.

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