sábado, 17 de maio de 2014

COPA - "EL PAÍS" EXAGERA PROTESTOS E SE CONTRADIZ


A matéria publicada neste sábado pelo diário espanhol "El País" traz um erro na sua chamada de capa: diz que "As manifestações são menos numerosas que as de junho do ano passado, mas mais violentas. Além disso, nas ruas se estão misturando as reivindicações dos sindicatos de várias categorias com os movimentos cidadãos que questionam o gasto público no evento".
Na página 4, toda ocupada pelo assunto, o título também é apelativo: "Nova onda de protestos inquieta o Brasil às portas do Mundial"; e o subtítulo diz: "Os sindicatos se misturam com as marchas dos movimentos cidadãos".
Até aqui a matéria de Carla Jiménez, correspondente em São Paulo, dá a falsa impressão de que 1) o país está "inquieto" com as manifestações; 2) os sindicatos aderiram ao movimento dos anti-Copa. Na verdade, os protestos da última quinta-feira, 15 de maio, foram muito menores do que previam os seus promotores (visíveis e ocultos). Ninguém ficou "inquieto" pelos protestos, com exceção dos moradores do Recife, afetados pela greve da PM e os saques resultantes do vácuo de poder deixado pelo ex-governador Eduardo Campos, e de usuários de algumas importantes avenidas de São Paulo e do Rio de Janeiro, onde houve bloqueios, pneus queimados e depredação de alguns estabelecimentos comerciais. Embora lamentáveis, são fatos que estão na esfera policial, sob controle - em São Paulo foram presos vinte blackbostas portanto material para atentados, e no Recife (que nada tem a ver com a Copa), forças federais assumiram o controle da situação. Não houve mortes, nem pessoas gravemente feridas em qualquer incidente.

Duvido que este senhor tenha escrito a frase em inglês. Só não sei quanto ganhou para carregá-la...

Falhou também a promessa dos organizadores (visíveis e ocultos) de que haveria protestos graves em frente às Embaixadas do Brasil pelo mundo. As Embaixadas em Berlim e em Londres chegaram a pedir proteção às polícias locais, o que foi imediatamente concedido, mas não apareceu ninguém para protestar. Os brasileiros que vivem no exterior sabem que qualquer violência cometida por estrangeiros em território europeu resulta em prisão, muita humilhação, deportação e proibição de retorno ao continente por alguns anos. As penas podem incluir ainda o pagamento de qualquer dano causado a bens públicos ou privados. E os coxinhas não são tão valentes, nem recebem o suficiente de seus mentores para arcarem com tamanho prejuízo.
Tampouco é verdade que algum sindicato tenha aderido ao movimento anti-Copa. Ao contrário, os coxinhas é que tentam pegar carona em movimentos corporativos, ou dos sem-teto e outros, para tentar manipulá-los a seu favor.
Os dados fornecidos pelo próprio El País contradizem sua chamada e títulos meio sensacionalistas: "Apesar da intensidade das imagens, as manifestações não chegaram a criar um clima de pânico generalizado porque já não pegaram as autoridades de surpresa, como correu no ano passado. Segundo os dados publicados pelo O Globo, registraram 21 protestos em 20 cidades do país, algumas com apenas 50 pessoas, como em Salvador, capital da Bahia e outras, como na Avenida Paulista, palco dos protestos em São Paulo, que reuniu cerca de 1.200 pessoas na quinta-feira à noite".
Outra afirmação equivocada na matéria é que desde as manifestações de junho "o mundo continua se perguntando: 'Quando será o próximo passo da primavera brasileira, capaz de derrubar o sistema de corrupção e o desinteresse social que impera no Estado?"
Ora, que "primavera brasileira"? É uma estupidez total comparar os protestos de junho passado no Brasil com os movimentos que mudaram governos desde 2011 no Egito, Líbia e outros países do norte da África!
Onde a repórter viu alguém pedir a queda do governo, nas massas de junho, a não ser em uma ou outra placa e cartaz feitos especialmente para a TV? Ao contrário, quando o povo vai às ruas pedir melhor transporte, Educação e Saúde, está recorrendo ao Estado, querendo mais Estado - não derrubá-lo! É tão óbvio isso que só posso concluir uma coisa: a repórter Carla Jiménez não estava no Brasil em junho passado, e anda conversando com as fontes erradas...
Quando entrevistou moradores comuns de São Paulo, como um dono de banca de jornais, um taxista, etc., a autora acaba mostrando que o povo está sim começando a entrar no clima de entusiasmo que se espera do País do Futebol. Ela reproduz o filósofo Renato Janine Ribeiro, e termina sua confusa matéria assim: "Porém as pessoas já começaram a animar-se e a esquecer um pouco a decepção pelas promessas iniciais, como o legado de infraestrutura que o Mundial traria (de onde ela tirou isso, não faço idéia - ABF). 'A Copa será popular e o Brasil deve ter uma festa maravilhosa', afirma (Janine) Ribeiro'. Que assim seja".

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